quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Exposições promovidas pelo Museu Municipal

De Scallabis a Santarém | 2002 | Igreja da Graça, Santarém
A História de Santarém começou a ser escrita na zona do actual Jardim das Portas de Sol, lugar onde foram descobertos os primeiros vestígios da ocupação humana do planalto escalabitano. A exposição de “Scallabis a Santarém”, realizada em 2002, na Igreja da Graça, em Santarém, e no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa, apresentou pela primeira vez ao público o resultado de alguns estudos que deram a conhecer as origens da cidade, bem como seguir o seu percurso ao longo do tempo.
A exposição mostrou tudo o que se conhece actualmente sobre a história antiga da cidade. Teve por base, quase exclusivamente, os trabalhos arqueológicos desenvolvidos no planalto da Alcáçova, que decorreram desde os anos 1980, e que permitiram recolher um numeroso conjunto de materiais da ocupação do sítio. Ainda que se tenham igualmente registado intervenções noutros locais da cidade, foi sobretudo nesta zona que Santarém nasceu.
Pretendeu-se, acima de tudo, mostrar como se processou a ocupação do solo da actual urbe, que ao longo de três milénios foi sendo construída e reconstruída, derrubada e erguida. Por vezes manteve-se o traçado das ruas, mas os edifícios e os bairros mudaram com o passar dos séculos. Cada cidade esconde na vertical inúmeros edifícios semi-destruídos, extensas faixas de ruínas, que por si só acabam por ser um puzzle de antigas povoações. Com um subsolo rico em termos arqueológicos, à semelhança de outros locais históricos, a Santarém actual é o resultado das várias urbes que a antecederam, e cujo percurso ficou registado nos muitos metros de terra acumulados debaixo da actual cidade.
Datam do século X a.C. os primeiros vestígios dessa ocupação, que até ao século I d.C. ocorre, exclusivamente no local onde hoje se localiza o Jardim das Portas do Sol. A partir daí, o núcleo urbano foi crescendo, ocupando progressivamente áreas cada vez mais extensas, ao ponto, no século XII, incluir já todo o planalto de Marvila e os dois núcleos ribeirinhos junto ao rio Tejo: Ribeira e Alfange.
Promovida pela Câmara Municipal de Santarém e o Museu Nacional de Arqueologia, esta mostra deu a conhecer a transformação do núcleo urbano da cidade e da região envolvente de Santarém, desde o início da Idade do Ferro, século X a. C., até à Idade Moderna, no século XVI.
A exposição foi dividida em cinco núcleos, começando por explicar como se processou a ocupação do Espaço e como cresceu o núcleo urbano; como evoluiu a actividade económica, da agricultura, ao pastoreio e à pesca, passando pelas indústrias transformadoras, como a metalurgia e a tecelagem, das quais chegaram até nós imensos vestígios; ou como se desenvolveu a ligação às rotas do comércio mundial e a própria actividade comercial da cidade. Finalmente os dois últimos núcleos centraram-se na vivências da população local através dos artefactos encontrados, e como o tempo foi alterando esse mesmo quotidiano, desde a dieta alimentar, a forma de confeccionar e consumir os alimentos, as actividades lúdicas, os objectos de adorno, até à arte da guerra. Por último, focou-se a influência da religião e as atitudes perante a morte, as divindades venerados ou os ritos funerários praticados pelos habitantes desta região.

S. Frei Gil de Santarém e a sua época | 1997 | Igreja S. João de Alporão
S. Frei Gil é um dos santos portugueses com maior projecção nacional e internacional. A vida e obra deste ilustre e controverso frade dominicano foram motivo de destaque da exposição “S. Frei Gil de Santarém e a sua época”.
Figura polémica, apelidada de “Fausto Português” e “Homem de Deus e do Diabo”, terá sofrido um violento rebate de consciência, após uma juventude boémia em Paris. O novo rumo fê-lo ingressar no convento da Ordem de S. Domingos, em Santarém. Aqui distingue-se como médico, taumaturgo, teólogo e pregador, nos séculos XII e XIII, tendo sido canonizado pelo papa Bento XIV a 9 de Maio de 1748.
De seu verdadeiro nome Dom Gil Rodrigues de Valadares, também é conhecido como São Frei Gil de Portugal, São Frei Gil de Vouzela, terra do seu nascimento, no final do século XII, bem como São Frei Gil de Santarém, local do seu falecimento, a 14 de Maio de 1265.
Após o convento dominicano de Santarém ter sido destruído e vendido ao desbarato, foi construído no mesmo local uma praça de toiros. Do túmulo de S. Frei Gil resta apenas a tampa com uma estátua jacente, que foi transferida das ruínas do convento para o Museu Arqueológico, no Museu do Carmo, em Lisboa. Alguns dos outros dos despojos arquitectónicos medievais que foram salvos na época, fazem parte do espólio que foi exibido, em 1997, na Igreja de S. João de Alporão.

2 comentários:

  1. Olá Carlos.
    Foi com enorme prazer que encontrei este seu sítio.
    Parabéns pelos textos e pelas temáticas.
    Considere-me um leitor atento.

    Os meus cumprimentos

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  2. Só não gosto do nome a que dá aos scalabitanos, não, não somos escalabitanos. Somos Portugueses de Scálabis não de Escálabis!
    Scallabis a Santarém.

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