terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Duas das mais 'apetitosas' telas da pintura portuguesa estão expostas em Santarém

A casa-museu Anselmo Bramcaamp Freire, em Santarém, possui três obras, datadas de 1676, concebidas por uma das primeiras mulheres portuguesas a ter a pintura como profissão: Josefa de Ayala Cabrera, também conhecida como Josefa de Óbidos. Encontram-se aqui uma obra de cariz religioso,‘Repouso na fuga para o Egipto’, bem como duas pinturas de naturezas mortas, uma com doces e rebuçados, outra com bolos e queijos, consideradas duas das mais 'apetitosas' telas da pintura portuguesa.
Josefa de Óbidos, a mais conhecida pintora do Barroco nacional, foi uma mulher emancipada para a época em que viveu. Nasceu em Sevilha em 1630 e morreu em Óbidos em 1684, solteira e sem filhos.
Após uma curta permanência num convento de Coimbra, foi nesta cidade que assinou as primeiras obras. Apesar de não ter seguido a vida monástica, grande parte da sua obra incidiu precisamente em temas religiosos e nas inevitáveis naturezas-mortas.
Ao adoptar a pintura como forma de vida, Josefa seguiu as pisadas do pai e aprendeu as técnicas que na altura dominavam o mundo das artes. Começou cedo a misturar as tintas e a reproduzir gravuras em desenho, mas nunca estudou anatomia humana, apesar da forte componente religiosa da sua obra, com inúmeras representações humanas.
Célebre no seu tempo, alcançou reconhecimento com a sua pintura e enriqueceu em vida, trabalhando para a casa real, entre muitas outras encomendas.
Trabalhava sobretudo em Óbidos, longe dos centros cosmopolitas, de outros artistas e da discussão de ideias sobre arte. No entanto, existem relatos de que no interior das muralhas da histórica vila se encontrava uma verdadeira "corte de aldeia" dada à discussão de “florescentes ideias, debates teóricos, e tertúlias literárias e artísticas”.

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